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Acidentes de trânsito causam uma internação no SUS a cada 2 minutos k1g6p

Motociclistas lideram as estatísticas e impacto financeiro já a de R$ 3,8 bilhões; especialistas pedem políticas públicas mais eficazes. 455h24


Por Mariana Czerwonka Publicado 25/05/2025 às 08h15
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internação trânsito SUS
O aumento das internações por sinistros de trânsito é um alerta claro de que o Brasil precisa tratar a segurança viária como uma prioridade de saúde pública. Foto: Paulo Pinto/Agência Brasil

O Brasil vive uma verdadeira epidemia silenciosa nas ruas e estradas: a cada dois minutos, uma pessoa é internada no Sistema Único de Saúde (SUS) por causa de acidentes de trânsito. Só em 2024, foram mais de 227 mil internações, segundo levantamento feito pela Associação Brasileira de Medicina do Tráfego (Abramet) e pela Associação Brasileira de Medicina de Emergência (Abramede) divulgado pela Agência Brasil durante a campanha do Maio Amarelo, que promove a segurança no trânsito.

Nos últimos dez anos, entre 2015 e 2024, o SUS contabilizou 1,8 milhão de internações relacionadas a sinistros viários, com um custo direto de R$ 3,8 bilhões apenas em despesas hospitalares. Os números, divulgados pela Agência Brasil, revelam ainda um dado alarmante: houve um aumento de 44% nas internações por acidentes de trânsito no período — saltando de 157 mil em 2015 para os atuais 227 mil.

Motociclistas são os mais afetados 575yh

A maior parte das vítimas graves internadas são motociclistas, envolvidos em mais de 60% dos acidentes com internação. A popularização das motos para o deslocamento urbano, especialmente nas regiões metropolitanas e no interior, somada à explosão dos serviços de entrega por aplicativos, contribui para esse cenário de vulnerabilidade. Conforme os especialistas da Abramet, muitos desses profissionais enfrentam jornadas longas, pressões por agilidade e falta de capacitação adequada.

Os motociclistas também lideram os óbitos em sinistros de transporte no país. De acordo com o Atlas da Violência 2025, publicado pelo IPEA em parceria com o Fórum Brasileiro de Segurança Pública, 56% das mortes no trânsito em 2023 envolveram motocicletas — um número que praticamente dobrou desde 2013. O relatório também destaca que os jovens entre 15 e 29 anos são as principais vítimas fatais, sobretudo homens negros de baixa renda.

O custo social da violência no trânsito 32336r

Além do impacto humano, os sinistros de trânsito geram um pesado custo econômico para o Brasil. Os R$ 3,8 bilhões em gastos hospitalares diretos representam apenas uma fração do problema. Quando se considera a reabilitação, perda de produtividade, aposentadorias precoces e outros custos indiretos, o prejuízo anual ultraa os R$ 50 bilhões, segundo estimativas do Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada (IPEA).

Esses recursos poderiam estar sendo aplicados em educação, saúde preventiva e mobilidade segura. O cenário atual é insustentável: ao mesmo tempo em que a sociedade tende a naturalizar os sinistros de trânsito como meras fatalidades, o país continua acumulando perdas humanas significativas e comprometendo uma parte relevante do orçamento público com despesas que poderiam ser evitadas. A situação exige uma mudança de postura coletiva e maior efetividade por parte das políticas públicas.

O que está faltando? 4j2r53

Especialistas são unânimes: o Brasil precisa investir mais em educação para o trânsito, fiscalização eficiente e infraestrutura urbana segura, como ciclovias, faixas exclusivas e sinalização adequada. Apesar de o Código de Trânsito Brasileiro prever dispositivos importantes para a prevenção, como a formação obrigatória em direção defensiva, os dados mostram que a implementação ainda é insuficiente.

O especialista em segurança viária Celso Alves Mariano, diretor do Portal do Trânsito, destaca que a mudança precisa começar pelas escolas.

“Ensinar crianças e adolescentes sobre convivência no trânsito, empatia e responsabilidade é o caminho para formar cidadãos mais conscientes no futuro. Hoje, isso ainda é tratado como tema secundário”, alerta.

Campanhas são importantes, mas não bastam 3291i

Campanhas como o Maio Amarelo ajudam a chamar atenção para o problema, mas não substituem ações estruturais. Em muitos municípios, faltam dados detalhados sobre os locais e causas dos acidentes, o que dificulta o planejamento de políticas públicas eficazes. Além disso, a ausência de observatórios municipais de trânsito é um dos gargalos apontados por especialistas.

Em nível federal, o Brasil estabeleceu metas ambiciosas de redução de mortes no trânsito, alinhadas à Década da ONU para a Segurança no Trânsito (2021–2030). No entanto, o país ainda está longe de atingir as metas pactuadas. A implementação do Plano Nacional de Redução de Mortes e Lesões no Trânsito (PNATRANS) tem avançado de forma desigual entre os estados.

Caminhos possíveis 52tm

Para mudar esse cenário dos impactos do trânsito no SUS, os especialistas recomendam medidas como:

  • Ampliação da fiscalização eletrônica, especialmente em áreas urbanas com alto fluxo de motos;
  • Investimento em cursos de formação continuada para motociclistas assim como demais condutores;
  • Revisão dos critérios para concessão de CNH, com foco em habilidades práticas e comportamento defensivo;
  • Criação de programas municipais de prevenção, com envolvimento das secretarias de saúde, educação e transportes;
  • Apoio à reabilitação das vítimas, com programas que garantam retorno ao trabalho e e psicológico.

Alerta sobre os impactos do trânsito no SUS 4t3d7

De acordo com Celso Mariano, o aumento das internações por sinistros de trânsito é um alerta claro de que o Brasil precisa tratar a segurança viária como uma prioridade de saúde pública. A cada dois minutos, uma nova vítima é hospitalizada — muitas delas jovens, trabalhadores bem como pais de família.

“Enfrentar esse problema exige mais do que campanhas pontuais: é necessário investimento, articulação entre esferas de governo e, acima de tudo, compromisso com a vida”, conclui.

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